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A língua inglesa tem origem?

Um assunto recorrente nos estudos da linguagem, desde os tempos antigos, é a origem das palavras e das línguas. Aqui vamos falar sobre o surgimento da língua inglesa.

Em linguística, existe um tipo de análise que se chama “diacrônica”, ou seja, o estudo de uma língua ao longo de sua evolução histórica, influências sofridas por outros idiomas e transformações ocasionadas pelo uso de seus falantes.

Logo, pelo viés diacrônico, é possível teorizar sobre o nascimento de uma língua. No entanto, esses estudos nem sempre são conclusivos, pois muitas vezes remontam a tempos em que a escrita não havia se consolidado por determinado povo – pense que até hoje existem sociedades ágrafas no mundo, isso é, que não possuem código escrito.

Acompanhe-nos para entender como surge o Inglês.

A raiz de tudo: o protoindo-europeu

No princípio, havia o protoindo-europeu. Quem já se aprofundou um pouco nos estudos linguísticos certamente ouviu falar nesse termo.

Imagine que cada língua seja um pequeno galho de uma árvore. Esses galhos se agrupam em troncos menores, que por sua vez se agrupam em um tronco maior, sustentado por uma raiz.

Pois bem, o protoindo-europeu é a raiz hipotética da língua inglesa e de várias outras pela Ásia e pela Europa. No consenso geral, teria existido no período Neolítico, por volta de 5000 – 2500 a.C.

Dela, surgiram os troncos itálico, germânico, céltico, grego, indo-iraniano, entre outros. Daí vieram línguas como o Latim, o Grego, e o Sânscrito, que, juntamente com outras ramificações, deram origem a várias línguas do mundo.

O cruzamento entre os ramos faz “brotar” novos idiomas. Falamos um pouco desse processo no próximo tópico.

De ponta a ponta: a origem do Inglês

Conforme dito, várias línguas se apoiam em um ancestral comum. O Inglês faz parte da família indo-europeia, que compreende línguas como o Alemão, o Espanhol, o Italiano, o Português, o Iraniano, o Albaniano, o Hindi, o Bengali e muitas outras.

Em resumo, o idioma é fruto da combinação de línguas celtas, germânicas, nórdicas e latinas.

Estima-se que a história da língua inglesa começou com a chegada de três povos germânicos que invadiram a Grã-Bretanha durante o século V d.C. Esses povos cruzaram o Mar do Norte a partir do que hoje conhecemos como Dinamarca e do norte da Alemanha, e eram denominados anglos, saxões e jutos.

Até então, os bretões falavam uma língua celta. No entanto, a maioria dos falantes celtas foram empurrados para o oeste e o norte pelos invasores, passando a ocupar regiões hoje conhecidas como País de Gales, Escócia e Irlanda. Os anglos vieram da “Englaland” e seu idioma foi chamado de “Englisc”, do qual derivam as palavras “Inglaterra” e “Inglês” (England e English, respectivamente).

Contudo, a história não para por aí.

Evolução do idioma ao longo dos anos

Como já dito, as línguas não são estáticas e passam por um processo de transformação ao longo do tempo. Isso se deve tanto a interferências externas, de falantes estrangeiros e outras línguas, quanto interferências internas, variações entre os próprios falantes nativos.

Dessa forma, é possível dividir o Inglês em três “fases”.

Inglês Arcaico ou Old English (séculos V – XI)

As línguas germânicas, trazidas pelos invasores, se misturaram aos idiomas locais e deram origem ao que hoje conhecemos como Inglês Arcaico ou Old English. Trata-se de uma língua que tem muito pouco a ver com o Inglês que conhecemos, praticamente irreconhecível para os falantes atuais.

A seguir, o trecho inicial do épico de Beowulf, para que tenham uma ideia de como era:

“Hwæt. We Gardena in geardagum,

þeodcyninga, þrym gefrunon,

hu ða æþelingas ellen fremedon.

Oft Scyld Scefing sceaþena þreatum,

monegum mægþum, meodosetla ofteah,

egsode eorlas. Syððan ærest wearð

feasceaft funden, he þæs frofre gebad,

weox under wolcnum, weorðmyndum þah,

oðþæt him æghwylc þara ymbsittendra

ofer hronrade hyran scolde,

gomban gyldan. þæt wæs god cyning.”

Bem diferente, não é mesmo?

Inglês Médio (séculos XI – XVI)

Em 1066, a Inglaterra é invadida por Guilherme, o Conquistador, rei da Normandia, região da atual França. Os normandos trouxeram consigo uma espécie de Francês, que se tornou a língua da Corte Real e das classes dominantes.

Por um tempo, houve uma espécie de divisão de classe linguística, em que as classes mais baixas falavam Inglês e as classes altas falavam Francês. No século XIV, o Inglês se tornou dominante na Grã-Bretanha novamente, mas com muitas palavras francesas adicionadas.

Inglês Moderno (séculos XVI – XIX)

No final do século XVI, uma mudança repentina e distinta na pronúncia, conhecida como a Grande Mudança Vocálica, começou. As vogais passaram a ser pronunciadas cada vez mais curtas e, com as Grandes Navegações, os britânicos tiveram contato com muitos povos de todo o mundo.

Isso, juntamente com o Renascimento, fez que muitas novas palavras e frases entrassem no idioma. A invenção da impressão também significou que agora havia uma linguagem comum na impressão, um registro mais ou menos permanente. 

A impressão ampliou o acesso a livros e padronizou a língua. A ortografia e a gramática tornaram-se fixas e a variante de Londres, onde ficava a maioria das editoras, tornou-se o padrão. O primeiro dicionário de Inglês foi publicado nesse período.

Inglês Contemporâneo (século XIX – atualmente)

A principal diferença entre o Inglês Moderno (Early Modern English) e o Contemporâneo (Late Modern English) é o vocabulário. 

O Inglês Moderno Tardio possui um repertório vocabular maior, por conta de duas questões: 

  1. a Segunda Revolução Industrial e a tecnologia, criando a necessidade de ampliar o vocabulário;
  2. o Império Britânico em seu auge, que cobriu um quarto da superfície terrestre, fazendo que a língua inglesa adotasse palavras estrangeiras de muitos países.

O futuro da língua inglesa

Estudando a evolução de uma língua e seu momento atual, é possível estabelecer hipóteses de como ela será daqui alguns anos. No entanto, é um trabalho denso e extremamente complexo, que não nos caberia nesse texto.

Para se ter uma ideia, alguns especialistas acreditam que o Português brasileiro e o Português lusitano serão línguas completamente diferentes a cerca de um século. Será que acontecerá o mesmo com o Inglês?